agosto de 2012
Para não deixar as raízes familiares se perderem no tempo, o estrelado chef de cozinha Olivier Anquier mantém fotografias com o pai na entrada de seu bistrô, em São Paulo. O carinho da relação, demonstrado nos retratos em preto e branco, serviu de base para educação dada a seus dois filhos. Julia, de 19 anos, e Hugo, de 15, - frutos da união com a atriz Débora Bloch - têm um pai afetuoso e, ao mesmo tempo, rigoroso na criação.
Ao contrário do que prega a cartilha do pai moderno, o francês de 52 anos acredita que o pai não deve criar o filho como amigo. "O pai tipo amigo é terrível, pois deixa os filhos despreparados para vida, apesar de ser uma tentação constante", avalia. Olivier acredita que para ser pai é preciso ter consciência do papel da figura paterna. "É preciso pensar que dali para frente é obrigação preparar o filho para a realidade, afinal, o mundo não é um conto de fadas, ele é cruel", afirma o apresentador do programa "Diário do Olivier", do canal GNT.
Em entrevista exclusiva ao Terra, Olivier Anquier conta sobre a mudança comportamental vivida após a paternidade, sua participação nas decisões dos filhos e da influência da cultura francesa na educação. Confira, ainda, fotos do arquivo pessoal do chef, em momentos de descontração com Julia e Hugo.
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Terra - Aos 33 anos você foi pai pela primeira vez, repetindo a experiência três anos depois. Como é a paternidade para você?
Olivier Anquier - É uma mudança radical de comportamento, de olhar a vida, que acontece de forma instintiva. Você passa a ter consciência de que é responsável por ter colocado uma pessoa no mundo e de que terá que prepará-la para a vida. Mas essa avaliação é possível muito tempo depois, quando se olha para traz e vê o quanto mudou depois de ter um filho.
Terra - Na educação da Julia e do Hugo, ensinamentos do seu pai se repetiram?
Olivier - Com certeza. Justamente as coisas que mais me irritavam nele. Como, por exemplo, ensinar os filhos a terem disciplina e ao repassar valores. Teoricamente, não se tem um almoço ou jantar agradável quando se está educando, pois é preciso sempre repetir "não fale de boca cheia", "tire os cotovelos da mesa". É chato, mas necessário.
Terra - Você é um pai muito diferente do seu?
Olivier - Não, não. Sou igual, apenas mais presente. A ausência dele foi física e se deu por conta da profissão (François, pai de Olivier, foi médico anestesista, em Paris). No relacionamento, ele era presente.
Terra - Qual dos seus filhos é mais parecido com você?
Olivier - Tanto a Julia quanto o Hugo têm uma mistura muito equilibrada. Dependendo do ângulo se vê a mãe, dependendo do comportamento lembra o pai. Por isso, não costumo procurar semelhanças físicas neles, até por que isso me parece coisa de gente insegura.
Terra - Até que ponto a cultura francesa influenciou na educação dos seus filhos?
Olivier - Tive desejo e, também, o cuidado de nunca deixá-los esquecer dessa origem. Por isso, estudaram em escola francesa, no Rio de Janeiro, e falam fluentemente o idioma. Além disso, repassei toda a história da família, pois assim haveria ligação mesmo que não estivesse muito presente. Pelo que conto a eles, foi criada uma intimidade familiar. Conhecer as origens deixa a pessoa segura e centrada.
Terra - Sendo pai e chef de cozinha, cuidava da alimentação da Julia e do Hugo quando ainda eram pequenos?
Olivier - Sim, porque criança só gosta de bife com batata. E é aí que entra o papel do pai que não pode ser amigo, mais uma vez. Desde pequenos aprenderam que é preciso ter equilíbrio na mesa. Na geladeira da Julia tem salada e espinafre, por exemplo. Mas isso acontece porque foram educados desse jeito desde criança.
Terra - E qual a relação deles com a cozinha? Também gostam de gastronomia?
Olivier - Comem bem (risos). A eles foi repassada a filosofia - que vem desde os meus tataravôs - da busca de prazer e emoção por meio da culinária. Temos muita intimidade com a cozinha, por isso eles se viram muito bem sozinhos. Em Londres, a Julia não vai a restaurante, faz compras no mercado e prepara a comida em casa.
Terra - No final do mês, Julia irá para Nova York estudar Cinema. Você participa de todas as tomadas de decisões na vida dos filhos?
Olivier - Sim, com certeza, até por que tenho que pagar a faculdade (risos). No caso dela, acompanho, dou palpite e esclareço dúvidas. Mas se quer fazer, faz. Isso porque ela já é bem resolvida e muito determinada com seus objetivos. Já com o Hugo é diferente. Ele ainda é moleque, apesar de ser maduro. O mais interessante é que pela educação dada, meus filhos nunca tiveram grandes segredos envolvendo suas vidas. Por isso, mesmo sem perguntar, sempre estive envolvido com tudo que acontece com eles.
Terra - E você, pede opinião deles?
Olivier - Em questões familiares, sim. Mas eles são jovens, tenho muito mais a ensinar a eles, do que eles a mim.ébora Bloch se separaram. Nessa fase, como os filhos reagiram?
Terra - Em 2006, após 15 anos de união, você e Débora Bloch se separaram. Nessa fase, como os filhos reagiram?
Olivier - Não houve abalo na nossa relação. A Julia absorveu, aparentemente, com mais facilidade, talvez por ser mais velha. Já o Hugo sentiu mais a separação, demonstrou mais. Mas passou.
Terra - Em 2010, você se casou com a atriz Adriana Alves. Pretende ter mais filhos?
Olivier - Casei com mulher mais jovem (Adriana tem 35 anos), sem filhos. A partir do momento em que se assume um casamento, é muito difícil fugir da realidade de ter filhos. Mas ainda não sei se será essa a hora.
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